segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Chegando em Mocambique



Ola a todos,

Hoje o dia esta um tanto quanto diferente: EU TENHO INTERNET!


Para comecar, no dia 23/08 sai de San Francisco - US em direcao a Washington DC, depois de 6 horas de um voo tortuoso, apertado e faminta, peguei meu proximo voo em direcao a Johanesburg - Africa do Sul.




Quando o voo da SouthAfrican Airlines levantou de Washington, chorei. Chorava que nem crianca. Passei 11 meses lutando para conseguir ir para Africa. 11 meses longe de todos que eu amo, 11 meses de luta, de sofrimento, de felicidades, de ralacao. Parei minha vida para entrar naquele aviao. Todos os meus projetos foram adaptados para que eu pudesse fazer algo que eu realmente acreditasse na minha vida. E la estava eu.




No dia 25/08 cheguei em Maputo, capital de Mocambique. Minha primeira impressao do aeroporto de la foi: eh... aqui nao eh mais pais em desenvolvimento. O aeroporto de la parece muito com rodoviaria de interior do Brasil. Uma das minhas malas nao chegaram. Abriram ocorrencia e falaram para eu esperar. Perguntei: Como assim esperar?! Nao ha como rastrear e se eu ligar vcs podem me falar a posicao dela? - a resposta foi somente essa: tem que se esperar. Pronto, agora eu tinha certeza que estava na Africa.




Minha mala chegou sim, no dia seguinte, como se eu tivesse pego aquele voo, eu estava la a esperar... em nenhum lugar q passei isso era possivel, entrar na area de desembarque... mas visto que eu estava em Maputo, claro q era possivel, ate pq se nao tivesse la, minha mala talvez eu nunca mais veria...




Meus dias na capital foram bons. Fui a um ensaio de uma banda local de musica africana. Mas meu destino era Macuse. Uma cidade costeira, ao norte de Mocambique. Foram mais 4 dias de viagem ate finalmente chegar em Macuse.




Posso falar um pouco do caminho. O meu primeiro meio de transporte foi um machimbombo. Seria algo no Brasil como onibus pirata da pior qualidade possivel. Fui sentada na metade do banco, pq ao meu lado tinha uma familia composta de pai, mae e filho. Entao sobrou para mim um espacinho... Nesse primeiro dia sai de Maputo em direcao a Beira. Comeceii 5 da manha e cheguei ao meu destino 11 da noite. As estradas de mocambique nao existem. Nao ha qualidade nenhuma. Um risco a todos. Por isso ha um grande numeros de acidentes por aqui. Tive que ficar dois dias em Beira. Uma cidade tao suja quanto Maputo. Ambas as cidades posso dizer que sao como se fosse uma Sao Goncalo da vida. Ruas pavimentas sim e nao, caos no transito, casas simples... uma sao goncalo de 10 anos atras em algumas partes... em Maputo eh uma sao goncalo atual.




Saindo de Beira, parti em direcao a Quelimane. Quarta maior cidade de Mozambique. O caminho beira para quelimane foi o mais tortuoso de todos. Nao pela qualidade de onibus, pq dessa vez fui de auto-carro (onibus no portugues local) com ar condicionado e direito a musica brasileira (lembrei da Dani, uma amiga que conheci no CCTG e gosta dessas musicas sertanejas... la estavam essas musicas... rs). O problema foi a miseria. Maputo vive na miseria conforme alguns leram na reportagem do Jornal O Globo, mas indo para o norte, distanciando da capital, as coisas complicam mais. O onibus parava e via uma legiao de vendedores ambulantes. Todos implorando para comprar uma coca, um bolo ou algo que nem sem denominar. Todos implorando. Tinha mais vendedores, esses que sao criancas, mulheres e homens, que passageiros. Queria chorar... todos sujos, fedorentos... minha janela trancada pelo ar nao deixava o cheiro entrar, mas dava pra entender o que se passava ali fora. Alguns meninos botavam a cara na janela e ficavam olhando para dentro do onibus. Queriam ver as brancas que ali estavam. Foi um momento que ficara guardado para todos os dias da minha vida. Uma miseria indescritivel. Algo que nenhum jornal ou blog conseguira descrever. Imaginem falar nao para mais de 30 criancas te pedindo dinheiro? Eu tinha que falar. Porque se eu desse para uma, iria se espalhar rapidamente e em cada parada de onibus teria gente a pedir... mas sempre tinham. Era muito dificil. Pensei no Marco vivenciando aquilo. Sei que ele nao diria nao para aquelas criancas, mas sei que depois ele iria se entristecer, pq nao tem como darmos a todos que nos pedem...




Mas continuando caminho, cheguei em Macuse dois dias depois de chegar em Quelimane. O motorista nunca aparecia para nos pegar...rs




Mas cheguei aqui em Macuse. Moro num casarao de 5 quartos estilo portugues. Macuse foi uma vila portuguesa destruida durante a guerra civil. A EPF aqui esta localizada em frente a um porto portugues, as salas foram adaptadas e restauradas. Muitas das coisas restauradas aqui nessa cidade foi fruto do trabalho de varias ONGs, nao so a Humana.




Bem, depois eu posto mais... obrigada por tudo...




Bia

3 comentários:

F.Mendes disse...

Biao! Que legal que voce pode postar no Blog!
Esqueci de te contar que em Belize eu ouvia muito Leandro e Leonardo dentro do onibus, haha...em portugues e em espanhol. Muita gente regravou as musicas deles, tambem. Ate Victor e Leo eu ouvi um dia, la...
Forca ai, irma! Voce consegue, memso com tantos desafios.
Beijao!
Chico

Unknown disse...

para de comparar coisas ñ muito agradáveis à São Gonçalo!fica antipático pra vc!Não pega bem, e as muitas pessoas q vc conhece, moram lá e gostam de lá podem ficar magoadas contigo!
Adoro seus relatos, subtraindo as depreciações sobre SG>rsrs
Fica com Deus, segura em suas mãos e vá em frente!
Te amoooooo!saudades!!!!!!!!!

Bia disse...

Ah mae, nao eh falar mal. Ha uma linha tenue entre falar mal e tentar mostrar a realidade ao qual eu enxerguei para a realidade ao qual as pessoas que eu escrevo estao inseridas. Se eu menti em alguma parte sobre SG aponte-me. Da mesma forma que falar que Niteroi tem um monte de pessoas que se acham mais que o normal, que nao respeitam e sao elitista. Da mesma forma que falar que no centro de niteroi parece um chiqueiro... enfim, eh a realidade. Nao eh depreciar.
Te amo!
Cuide-se!
Fica com Deus!
Bia