terça-feira, 21 de setembro de 2010

"Os governantes que temos tido têm medo de quem pensa!"

Venho lendo e muito sobre a crise de alimentos em Moçambique. Venho lendo também o grito de quem pede mudanças. Uma série de erros por parte da Frelimo faz com que Moçambique grite. Mas não o suficiente.

Falando por mim, eu não vejo uma mudança nos rumos políticos nas próximas eleições. Não que o povo seja burro, como no Brasil ousamos em dizer quando discutimos políticas. O povo sabe muito bem que acontece, mas você já viu alguém votar no seu algoz? Se há a sensação nas ruas que o partido Renamo, concorrente direto da Frelimo tenha matado muito mais moçambicanos durante a guerra civil. Você votaria em quem matou sua família e amigos?

Por outro lado, também não sinto nenhuma vontade da Renamo em fazer política séria.

Estou sendo pessimista, não? Sim, eu sei que estou sendo, mas não adianta sorrir quando tudo tá errado! Li uma matéria que Moçambique pede mais ajuda aos países subdesenvolvidos. Li em outra matéria que o subsidio do pão dado pelo governo não chega as pessoas que necessitam. Para quê mais dinheiro se eles não sabem como gastar?

Minha tristeza foi saber que a crise de alimentos em Moçambique está escrita há muito tempo. Está escrita porquê não há nada que os governos querem fazer para terminar? Porque parar de ser o pobre coitado se dá lucro?

O problema da pobreza é que o ciclo vicioso dela periga justamente na ajuda. Estender a mão e pedir é mais fácil que plantar na terra...

Cem mil pessoas enfrentam a crise de fome no centro de Moçambique

De Agencia EFE – Há 1 dia

Maputo, 20 set (EFE).- Cerca de cem mil pessoas de vários distritos da província de Sofala, no litoral central de Moçambique, enfrentam a crise de fome devido à seca e às inundações registradas na região, informou hoje a imprensa local.

A província conta com pouca disponibilidade de alimentos de reserva e os afetados não têm outras alternativas para a subsistência, segundo o chefe da Direção Provincial do Ministério da Agricultura de Sofala, Nelson António.

António, citado hoje pelo jornal "Notícias" de Maputo, destaca que a situação pode se agravar quando se esgotarem os poucos mantimentos que ainda existem em seus armazéns de reserva.

O Instituto Nacional de Gestão de Desastres pediu ajuda ao Programa Mundial de Alimentação para fazer frente a esta situação, que pode afetar no período 2010-2011 cerca de 63 mil famílias (250 mil pessoas) na região.

Calcula-se que Moçambique, um dos países mais pobres do mundo e que sofre crises de fome cíclicas, tenha 36 milhões de hectares de terras cultiváveis, embora só explore uma pequena parte delas.

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Polícia dispersa manifestantes em novo protesto em Moçambique

Site Terra Noticias

03 de setembro de 2010 • 14h38 • atualizado às 14h47

A polícia de Moçambique disparou balas de borracha e gás lacrimogêneo em manifestantes nesta sexta-feira quando os enfrentamentos aumentaram na capital do país após dois dias de protestos devido aos altos preços do pão. Sete pessoas já morreram e centenas ficaram feridas desde o início das manifestações.

Após uma calma inicial na capital Maputo, a polícia disse que manifestantes começaram a saquear os subúrbios da cidade, e as autoridades usaram balas de borracha para dispersar a multidão.

"Os conflitos se resumiram aos subúrbios de Maputo, em Benfica e Hulene. Eles estão tentando saquear. A polícia está disparando balas de borracha e gás lacrimogêneo para dispersá-los", afirmou o porta-voz da polícia, Arnaldo Chefo.

Não houve relatos imediatos sobre feridos.

Os protestos também ocorreram na cidade central de Chimoio, localizada 760 quilômetros ao norte de Maputo, e pelo menos seis pessoas ficaram feridas depois que a polícia abriu fogo sobre os manifestantes, informou a agência de notícias portuguesa Lusa.

"Dois dos feridos estão em estado grave", afirmou à agência Lusa Teresa Inácio, uma enfermeira no hospital provincial de Chimoio.

As mortes nos conflitos que começaram na quarta-feira incluíram duas crianças que morreram quando a polícia abriu fogo contra manifestantes que bloquearam ruas, incendiaram pneus e saquearam lojas nos mais violentos confrontos desde 2008 no país africano, que tem 23 milhões de habitantes.

O ministro da Indústria e do Comércio de Moçambique, Antonio Fernandes, calculou prejuízo de 3,3 milhões de dólares no país do sul da África, onde 70 por cento da população está abaixo da linha da pobreza.

Partidos de oposição e grupos de direitos humanos criticaram o governo, dizendo que ele falhou ao medir a indignação que causaria o aumento de 30 por cento no preço do pão, além de elevações nas tarifas da água e da eletricidade.

"O governo subestimou a situação e não consegue entender ou não quer entender que este é um protesto contra o alto custo de vida", afirmou à Lusa Alice Mabota, chefe da Liga Moçambicana para os Direitos Humanos.

Embora o país seja uma das economias que mais cresce na África, nunca se recuperou totalmente de uma das guerras civis mais sangrentas da África, que acabou em 1992. A nação tem uma taxa de desemprego de 54 por cento.

"As coisas estão voltando ao normal agora e podemos retomar nossa vida normal", afirmou a policial Julia Fortes em uma fila para comprar pão no centro de Maputo, onde a situação se acalmou nesta sexta-feira.

Alguns moçambicanos disseram que os protestos causaram grandes danos à estrutura social da cidade. Em 2008, manifestações contra os altos preços dos produtos deixaram pelo menos seis mortos no país.