segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Polícia dispersa manifestantes em novo protesto em Moçambique

Site Terra Noticias

03 de setembro de 2010 • 14h38 • atualizado às 14h47

A polícia de Moçambique disparou balas de borracha e gás lacrimogêneo em manifestantes nesta sexta-feira quando os enfrentamentos aumentaram na capital do país após dois dias de protestos devido aos altos preços do pão. Sete pessoas já morreram e centenas ficaram feridas desde o início das manifestações.

Após uma calma inicial na capital Maputo, a polícia disse que manifestantes começaram a saquear os subúrbios da cidade, e as autoridades usaram balas de borracha para dispersar a multidão.

"Os conflitos se resumiram aos subúrbios de Maputo, em Benfica e Hulene. Eles estão tentando saquear. A polícia está disparando balas de borracha e gás lacrimogêneo para dispersá-los", afirmou o porta-voz da polícia, Arnaldo Chefo.

Não houve relatos imediatos sobre feridos.

Os protestos também ocorreram na cidade central de Chimoio, localizada 760 quilômetros ao norte de Maputo, e pelo menos seis pessoas ficaram feridas depois que a polícia abriu fogo sobre os manifestantes, informou a agência de notícias portuguesa Lusa.

"Dois dos feridos estão em estado grave", afirmou à agência Lusa Teresa Inácio, uma enfermeira no hospital provincial de Chimoio.

As mortes nos conflitos que começaram na quarta-feira incluíram duas crianças que morreram quando a polícia abriu fogo contra manifestantes que bloquearam ruas, incendiaram pneus e saquearam lojas nos mais violentos confrontos desde 2008 no país africano, que tem 23 milhões de habitantes.

O ministro da Indústria e do Comércio de Moçambique, Antonio Fernandes, calculou prejuízo de 3,3 milhões de dólares no país do sul da África, onde 70 por cento da população está abaixo da linha da pobreza.

Partidos de oposição e grupos de direitos humanos criticaram o governo, dizendo que ele falhou ao medir a indignação que causaria o aumento de 30 por cento no preço do pão, além de elevações nas tarifas da água e da eletricidade.

"O governo subestimou a situação e não consegue entender ou não quer entender que este é um protesto contra o alto custo de vida", afirmou à Lusa Alice Mabota, chefe da Liga Moçambicana para os Direitos Humanos.

Embora o país seja uma das economias que mais cresce na África, nunca se recuperou totalmente de uma das guerras civis mais sangrentas da África, que acabou em 1992. A nação tem uma taxa de desemprego de 54 por cento.

"As coisas estão voltando ao normal agora e podemos retomar nossa vida normal", afirmou a policial Julia Fortes em uma fila para comprar pão no centro de Maputo, onde a situação se acalmou nesta sexta-feira.

Alguns moçambicanos disseram que os protestos causaram grandes danos à estrutura social da cidade. Em 2008, manifestações contra os altos preços dos produtos deixaram pelo menos seis mortos no país.

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